quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Mais um capitulo BBB.

 

    Essa semana tem circulado na rede um texto, uma crítica que dizem ser da autoria de Luiz Fernando Veríssimo, da qual se eu não me engano já li, e já circulou nas outras edições do programa sem que fosse atrelada ao Veríssimo. Mas além desse motivo, eu duvido mesmo que um formador de opinião compartilharia argumentos tão mesquinhos como os lidos ali. Sendo ou não do Veríssimo acabou se transformando em uma grande jogada de marketing para o próprio arrecadar mais um pezinho de meia com as vendas de seus livros.

     Mas vou começar com aquilo que não deixa de ser verdade em toda a trama do texto. Chamar participante de BBB de herói é realmente forçar a amizade pra cima de uma população que precisa de verdadeiros poderes para sobreviver ao árduo dia-a-dia na busca por dignidade. Todo o resto não passa de filosofia de buteco pra “pseudos-cuts” se glorificarem nas acaloradas discussões de facebook dizendo ter um dos escritores mais famoso do país conivente com a sua causa.

     Escritor do qual usa e abusa do humor cotidiano para criar seus personagens, contos, histórias, novelas e etc. Como poderia criticar seu próprio ganha pão? Alguns mais rebeldes dizem que o BBB não passa de uma farsa. Bom nesse caso a Tv Globo reinventou uma maneira de fazer aquilo que sempre fez de melhor e que nunca vi ninguém criticando ser a decadência da humanidade, que são suas tão aclamadas novelas.

     “O BBB não é um programa cultural ou educativo”. PORRA! Mas é claro que não é. Sinceramente, alguém em sã consciência assiste BBB acreditando resgatar do programa algum nível intelectual? Quanta ingenuidade quem utiliza desse argumento para se defender na causa. O programa não passa de entretenimento fácil, descomplicado, para perdermos algum tempo sem pensar nos nossos problemas cotidianos, nas contas, nos estresses que a vida nos trás. Está lá pra fazer aquilo que fazemos diariamente e o melhor, rir de pessoas que assinam contratos e são pagas e aceitam a condição de serem exploradas para rirmos da cara delas.

     Ou você realmente acha que ir ao teatro e rir de um babaca que fica em pé contando piadas preconceituosas de todos os estereótipos sociais possíveis, é melhor do que assistir BBB ou irá te trazer algum nível de cultura e te fazer o líder intelectual na sua turma? Por que esse tipo de vídeo eu vejo você compartilhando a todo o momento em suas redes sociais. Só por que muda a mídia e usa o nome teatro que é tido como cultural pode? Teatro também tem seus BBB´s. Cinema tbm, livros.

     E daí que o BBB não ofereça incentivo ao esporte, à música, à criatividade ou ao ensino de conceitos como valor, ética, trabalho e moral? Os telejornais também só me ensinam o quanto nossos representantes sabem sobre ética, trabalho, moral, violência... Aliás acho que BBB ensina até demais sobre ética e moral. Por que todo brasileiro sabe dizer direitinho o que cada participante faz ou deixa de fazer de errado dentro da casa. E os penaliza por isso os tirando do jogo. O que me deixa amedrontado são as novelas que ensinaram a população a gostar dos vilões e os humoristas a rir da impunidade.

     E daí que o BBB é um programa que arrecada bilhões por temporada. Quem aqui não está a procura de uma fonte rentável, consolidada e que traga retorno rápido que atire a primeira pedra. E ainda criticam a emissora que é uma das que organiza todo ano, durante anos, uma das maiores arrecadações para projetos sociais por todo o país incentivando a cultura, o esporte, o lazer e todo tipo de atividade sócio-cultural possível. Uma dica, a Televisão brasileira arrecada muito mais naquele curto período de tempo em que se passa publicidade e nunca vi ninguém falando mal, por exemplo, de propagandas das quais algumas empresas não possui sequer algum tipo de ação social que ajude no desenvolvimento do país, a não ser gerar capital de giro.

     Pra encerrar o mais estúpido e sem sentido argumento de todos os tempos para se parar de ver BBB é: VÁ LER UM LIVRO... hahahaaha. Quer dizer então que quem assiste BBB não pode ler um livro, ir ao teatro, assistir um filme, jogar bola ou vice-versa? É isso então, eu só posso ter três meses de entretenimento e o resto do ano eu passo vegetando por que quem assiste BBB é incapaz de ser intelectual, esportivo ou inteligente? Aham claúdia, senta lá!

     Só posso terminar repetindo o que postei a pouco tempo no mural da minha pagina no Facebook. Eu adoro BBB, nem estou conseguindo acompanhar por que estou trabalhando na hora do programa ou estudando, mas adoro essa temporada, quero acompanhar sempre que possível, assinaria PPV. Adoro rir das bizarrices que acontece na casa. Morro de rir das notícias de ex-participantes e nem por isso deixo de ser uma pessoa privilegiada intelectualmente.

O que eu não gosto é dessa Hipocrisia ou Falso moralismo.

Um comentário:

Unknown disse...

Texto interessante e bem verdadeiro em muitos aspectos. Eu tb acho chato e um tanto quanto "pedante" o pessoal que coloca o Big Brother como o pior dos piores... É típica falácia de cults, que querem se colocar no Olimpo e deixar para o "resto", para o povão aquilo que credenciam como fútil.

Na verdade, uma análise mais cuidadosa a respeito do programa pode nos levar a traduzi-lo como fútil, ou inútil. Me lembro de quando o formato chegou no Brasil, há anos. Me lembro inclusive de - na época - acompanhar um Big Brother dos States, e com os meus amigos "aguardar a novidade chegar no país". Tenho na memória inclusive da capa da revista Veja, estampando os artistas logo que Silvio Santos criou um programa similar...

O fato é que o Big Brother chegou, e ficou... passaram-se anos, e o programa continua, muito mais forte do que o produzido pela própria Endemol, que é holandesa, se não me engano.

Eu acho que o Big Brother é qualitativamente ruim - e não assisto - por acreditar ser um espelho de estereótipos, de tipos, de personagens, etc. Pedro Bial está cada vez pior, e é ele o culpado por tentar sempre com sua poesia e crônica transformar o confinamento numa experiência transcendental... de mudanças substancias. Cadê o Pedro Bial que cobriu a queda da URSS? Que tinha um programa de entrevistas? Enfim, virou entertainer...

Eu escolhi não ver Big Brother, apesar de já ter assistido a outras edições. Agora, vamos comparar o programa com, por exemplo, as telenovelas brasileiras... Uma vez ouvi um estudioso da Comunicação dizer que para muitos brasileiros, o mundo é o que está na novela - e muitas vezes, elas cumpriram seus "propósitos" educativos. Da mesma forma os telejornais.

O Jornal Nacional é o programa de notícias mais assistido do mundo. O problema não são as denúncias e a violência - o problema é a falta de compreensão por parte de nós mesmos, que vemos, ficamos chocados, MAS odiamos o sistema político, detestamos eleições e não nos esforçamos para compreender o país no qual nascemos! O papel do jornalismo é educar, sim, e debater tb – mas o fator “resolver” requer algo de nós mesmos. Por isso os problemas continuarão lá, assim como ocorre nos telejornais canadenses, norte-americanos, suecos...

Não acho que a sua experiência como telespectador do Big Brother possa servir como exemplo. Trata-se de um rapaz jovem e esclarecido – crítico. A população em geral não tem esse perfil, e não estou aqui querendo subjugá-la.

Não crucifico quem assiste BBB, eu já assisti. Mas acho que fiz uma escolha. Talvez eu não possa mudar o mundo, mas mudando meus hábitos, talvez eu influencie quem está ao meu redor. É assim com a caneca de água pra não usar copo plástico, é assim com a "escolha" pelo transporte coletivo, é assim com minha tentativa de entender e interpretar a política, com redes sociais voltadas para “questões sociais e políticas” (isso ainda é uma tentativa, mas estou aprendendo!).

Eu evito levantar juízo de valor e apontar aqueles que assistem BBB. Eu ainda vejo muita merda por ai, leio muita merda... Mas se pudesse dar um conselho, diria pra deixarem o programa de lado. Lembrando que recentemente a produção do BB tratou de um estupro primeiro como "carícia" e depois como "conduta reprovável" e sequer explicou os fatos pra população que os acompanha diariamente.

Talvez as pessoas pudessem ler, ou então, mudar o canal pra ver outra coisa (que não seja o Super Pop). Mas se puder sugerir alguma coisa, talvez o delicioso "Passagem Para..." programa do Futura, com o Nachbin.