quarta-feira, 14 de julho de 2010

O fascínio do dia (ou não).

        Sempre que estou assim, atoa, sem nada pra fazer, nenhum despertador ativo avisando que preciso ir trabalhar na manhã seguinte, a noite me seduz. Ela me consome, me engole, sempre fico querendo descobrir o que existe além, quero ir até o fim e sempre me dou de cara com a manhã.
        Eu sei que preciso descansar, porém os primeiros raios do sol não deixam meu corpo acreditar nisso, o fazendo entrar num conflito agonizante, estridentemente gritando ficam duas vozes, colapso, angústia, nervosismo e eu nunca sei o que fazer. Se deito não durmo, se não durmo eu entro em transe... e logo começo a perceber que a manhã também me seduziu, com aquela luz alaranjada acolhedora, quente, balanceada pelo ventinho frio nas maças do rosto. Basta!
        Pego minha câmera, uma escada e começo a escalar o telhado. Devagar pra não acordar quem debaixo repousa, além de evitar quedas e goteiras é claro. Não é tão difícil chegar a comunheira, mas também não deixo de valorizar a aventura. Por mais que eu já tenha milhares de fotos e ter visto tantas cenas da aurora nesse local, me pego hipnotizado, sem ação. Apenas respirando e me sentindo Deus sentado no seu trono. Assistindo ao primeiro grande feito da sua mais grandiosa obra prima: E HAJA LUZ!
        E mesmo que seja rotineiro vou me deixar levar pelo “clichecismo:” Cada dia é um novo dia! E eu preciso guardar aquele momento na memória e começo o tour fotográfico lá de cima. Faço as fotos, desligo a câmera e reflito até que a mistura laranja, vermelho e pêssego suaves dêem espaço ao azul intenso, que as nuvens sumam, o vento gelado se torne quente, as pessoas comecem a sair de suas casas. [...] Às vezes fico constrangido, posso ver seus rostos confusos se perguntando: - que merda será que esse garoto está fazendo no telhado? [...] Então eu desço, mas a manhã ainda me fascina e o conflito do eu lírico permanece. Deito no sofá, assisto alguns desenhos, uma receita ou outra de culinária e espero a única parte do dia que eu sei que não me fascinará de forma alguma: a TARDE! E o cansaço me vence e quem me seduz dessa vez, é a cama! Boa Noite!
        Ahh antes, apreciem o resultado de algumas dessas aventuras: