quarta-feira, 5 de maio de 2010


        Ontem estreou na BAND um novo programa em que Rafinha Bastos é um dos integrantes (que também integra CQC) junto com Thaíde (que é rapper), Débora Villalba (jornalista) e Rosanne Mulholland (que é atriz), os quatro formam A LIGA. O programa veio com a proposta de mostrar aos cidadãos, visões diferentes de eventos sociais que sempre ocorreram e está o tempo todo presente no dia-a-dia. Porém acabei decepcionado ao me deparar com mais um atrativo da TV que indaga, indaga e não se mostra nem ao menos interessado em buscar soluções.

        Fiquei ansioso ao esperar que todos os “serás” das narrações de Rafinha, fossem respondidos, fossem buscados, fossem explicados e no fim, apenas um comovente choro, de um dia que ele não esquecerá com certeza, mas que também jamais passará novamente. Pode ser que eu esteja julgando cedo, pois é apenas o primeiro da série, mas pelo que percebi das previsões, o próximo não terá nada correlacionado ao tema do primeiro, logo, sem intenções de dar satisfações aos telespectadores.
        Diante disso os “serás”, passaram a me atordoar e agora eu repasso: será que esse é apenas mais um programa, do qual se utiliza da dor e sofrimento alheio para fabricar mais audiência e lucro? Será que aquelas pessoas mostradas ontem (4 de maio de 2010), vão ter a ajuda que necessitam? Ou será que a turma acha mesmo que se passar por morador de rua, mostrar a realidade às pessoas, irá mesmo mudar esse fato lamentável?
        Uma coisa é se passar por morador de rua e outra é ser. Ser é viver, estar é experimentar, experimentou não gostou, amanhã sua cama gostosa, seu banho quentinho e sua comida fresquinha estará na mesa, mas como o Rafinha mesmo disse, imagine alguém que não tem nada, e vive isso todos os dias, desde quando nasceu. Percebi então que o Rafinha nada mais fez do que chamar mais atenção a ele mesmo, do que mostrar a verdadeira alma do negócio, (além que pra isso, ele precisou tirar de outras pessoas que realmente precisam. E se aquela esmola fosse dada pra um verdadeiro mendigo? E se o morador de rua que abordasse aquele senhor que pagou o almoço, não fosse um falso morador de rua?) coisa que Thaíde, Débora e Rosanne conseguiram com melhor êxito, porém, com muita pouca abordagem da causa. O lado “bonzinho” e “oh coitadinhos” não me convence do fato exposto, porém pouco explorado. Medo ou queriam a confiança a qualquer custo para finalizar a matéria?
        Crianças confessas ladras serão perdoadas por que são crianças? E quando se tornarem adultas? Ou os adultos de agora que matam e roubam jamais foram crianças? E o pior, cientes dos seus atos. Ou criança, por que é criança não são cientes? Ainda acreditam que crianças que vivem nessas condições possuem tal ingenuidade? (até mesmo as que não estão). Se fossem ingênuas estariam mortas ou sendo exploradas, e as que não estão, estão em casas e abrigos, esperando adoção ou convivendo com programas sociais que as beneficiam, elas sabem que eles existem, e que nesses programas pode estar o futuro deles. As próprias crianças do programa freqüentam um.
        Cadê a família? Igualmente desamparadas. São as culpadas? Não sei de quem é a culpa. Assistência a população não dá? Eu me pergunto, sou obrigado a dar o que consegui com meu trabalho e doar para o próximo? Até que não, ninguém é, dou por que me faz bem ajudar, me sinto bem sendo solidário. Minha ajuda pode ser benéfica, mas quem me garante que o ajudado se beneficiará dela? Ninguém é obrigado.
        Programas sociais existem, o governo ta ai pra isso, se o sistema é falho, temos que aprender a consertar. Os próprios moradores de ruas. Será que essas pessoas não sabem que eles existem? Será que alguém deles já se inscreveu em algum desses programas? É difícil conseguir? Sim. É complicado? Sim. Mas será que é mais difícil do que ter que ficar pedindo esmola na rua, dormindo em calçadas, sendo expulso e não aceito num lugar que deveria ser de todos, levando cusparadas e humilhações que não deveriam ser feitas nem a animais? A vida inteira na rua, e não tentaram nem uma vez? Onde estão essas questões na Liga? Cadê as soluções?
        Sei de que os ajudando, não sanará os problemas de todas as pessoas das estatísticas apresentadas, mas pelo menos não ficariam alheios as situações que exploram para lucrar. Será que a BAND possui projetos sociais que amenizam problemas como estes? Será que uma casa será doada aquela senhora que dorme na frente de Bancos? E o Banco? Não vive se enchendo de orgulho e mostrando programas sociais e de sustentabilidade pelo mundo afora?
        A questão é que já estou farto de falso moralismo, programas pra mostrar dor e sofrimento é o que não falta, mas soluções ou pelo menos tentativas de soluções, e ações verdadeiras para amenizar o país da falta de distribuição de renda, infra-estrutura e todos os problemas que já sabemos, são pouquíssimas.
        Essas são apenas perguntas feitas por um cara que talvez não saiba muita coisa, mas que gostaria de receber explicações e respostas.