segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Se existe uma religião que Deus criou foi o amor, e se algum dia o homem for julgado, eu tenho certeza que será julgado por ter recriminado qualquer tipo de forma de se celebrar o amor.
Acho que o problema no humor brasileiro hoje em dia é exatamente o problema de se escrachar demais. Na época da censura se buscava outras forma de se dizer algo que fosse determinado pesado ou grosseiro. E se tornava inteligente, era camuflado, todos entendiam, mas ninguém se ofendia, não era uma forma direta de se criticar ou atacar alguém. Ao contrario do que se vê hoje.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O Palhaço

O Palhaço não é um filme tão emocionante que te faça chorar baldes, nem tão engraçado que te faça ter dores de barriga (a não ser que você esteja com alguns amigos humoristas do lado), mas com certeza é um filme do qual, todos deveriam assistir.

A começar pela técnica do espetáculo como produção de arte, direção, fotografia e trilha sonora, que estão maravilhosamente bem envolvidas na trama. Puro Sangue (Paulo José, em uma atuação brilhante) e Pangaré (Selton Mello, fantástico), os palhaços e donos do Circo Esperança. Conseguem nos preencher com um sentimento de ingenuidade, o mesmo que percorria a época dos circos mambembes dos anos 70, e o mais importante, que ainda percorre cidades interioranas dos mais diversos estados. E que ainda se emocionam com a singela arte de “circar”. Um mundo que o Brasil tanto tenta esconder. O analfabetismo, o jeca, o palhaço que o País inteiro luta pra “educar”, se mostra na forma que todos deveriam admirar e aplaudir, ter orgulho: A beleza, simplicidade, a singularidade, ingenuidade, meiguice... que se resumem na Paixão de se fazer aquilo que se sabe fazer.

E é ai que o filme se mostra como um todo. É por isso que O Palhaço deveria ser visto por todos. O resgate para nossa realidade de formas tão bonitas de amar não deveria passar em branco. Deveríamos lembrar-nos de pessoas que dão o suor para manter tradições assim nos dias de hoje. Devemos lembrar da humildade, da inocência que jamais deveríamos perder ao longo do tempo. Formas de atuação tão verdadeiras deveriam ser referências, o que é Paulo José? Que quase sem texto, diz tudo que deveria dizer no momento certo, exato, apenas com expressões nos olhos e boca.

As participações especialíssimas de Moacyr Franco, em seu primeiro papel no cinema, menos de 2min, mas que rendeu uma cena antológica, sendo o delegado que ama seu gato Lincoln. Tônico Pereira engraçadíssimo no papel dos mecânicos gêmeos que não se falam. E na contra mão desses dinossauros tem Larissa Manoela, a menina que descobre que o circo não é todo aquele reino de fantasias que sempre imaginou, mas que resolve acreditar e encarar com vigor os ossos do oficio, linda!

Com tudo isso, simplesmente O Palhaço se torna um filme gostoso de ver, meigo, carinhoso, agradável aos olhos e que leva o espectador para a platéia do circo e por mais que tenha piadas batidas e cenas clichês dessa maneira de se fazer arte, você irá rir junto, se divertir junto, exatamente por essa capacidade que o filme tem de nos tornar bobinhos e ingênuos outra vez.