sábado, 12 de fevereiro de 2011

Algodão doce!

         Certo dia a indo pro trabalho, como de costume sempre pegando o mesmo caminho, em um determinado ponto do trajeto, passava por um dos cartões postais de Goiânia, o Bosque dos Buritis.

         É lindo e adoro muito esse lugar, grandes lembranças de quando junto com alguns amigos/irmãos, fugíamos das chatas aulas de física e química e nos refugiávamos nesse paraíso em meio à cidade.

         Chegando perto o que avistamos de inicio é apenas um calçadão com pessoas correndo atrás da vaidade, uma cerca e um paredão de árvores, altas, densas e que escondem trilhas (das quais conheço muito bem). Logo após, essa multidão verde abre caminho dando passagem a uma clareira enorme, de onde surge um lago com águas “marrom-esverdiadas” que dependendo do dia, se projetam em três fontes formando uma espécie de “M”.

         Esse dia tivemos sorte, eu e todos que podiam admirar aquela fotografia. O dia amanhecera calorento, quase sem nuvens e o sol abraçava a pele desde os primeiros minutos de dia. Talvez por isso os administradores resolveram ligar logo as três projeções de água, que se impunham altas. A água quase toda não retornava a sua origem, se desfazendo em gotículas que o vento ia levando, o calor evaporava-as e os raios de sol se encarregavam de colorí-las. Foi nesse instante que ouço uma citação àquela imagem, que por um segundo acreditei ser só minha.

         - Mamãe, olha o arco-íris. – Falou a garotinha excitada, grudada feito peixe cascudo no vidro, reconhecendo todas aquelas cores e paisagens.

         - É lindo Geovana. – Respondeu a mãe. Lindo também o nome da menina, que ficou em silêncio admirando o tempo que pôde e que o trânsito deixou.

         Quando já na curva e com o amontoado de concreto roubando a cena, Geovana se vira pra mãe e diz:

         - Um dia a senhora me leva pra ver o arco-íris de perto mamãe?

         - Unhum.

         - Eu queria poder pegar um pedacinho e comer. Será que gosto tem o arco-íris mãe?

         - Eu não sei, que gosto você acha que tem?

         - Acho que deve ser docinho, docinho igual algodão doce.

         E foi nesse instante que nunca desejara tanto ter faltado àquela aula de física. Não ter aprendido de que são feitos os arco-íris. Como eu queria ter olhado aquelas cores e lembrado dos saquinhos de nuvens coloridas, espetadas em um cano qualquer que o moço da feira carregava pra cima e pra baixo gritando: "OLHA O GODÃO DOÔOCE". E imaginar que o gosto daquela faixa colorida no céu, era docinho como o de açúcar em forma de nuvens.