terça-feira, 6 de abril de 2010

Eu quero Heróis!

(A fotografia me remete as festas proibidas da época de ditadura no Brasil,)
e se chama Confins.

A repressão instiga a criação! Mas como instigar a criação sem perder a liberdade?

        Se um dia alguém de vocês me virem cochichando, vociferando, bramando, berrando, grunhindo ou gritando por ai que o Brasil precisa de outro período de ditadura, não pense que estou louco. Não, não estou louco!
        Por favor, também não me diga que lá no fundo, todos nós não sabemos disso?!!! Perguntem quais são os nomes mais lembrados, influentes e populares e criativos desse Brasil? Agora pergunte em qual época foi em que começaram mais ativamente a trilhar esse caminho? Pronto, estamos entre aqueles fardados que odiamos, que torturaram e mataram milhares de pessoas.

        Está revoltado ou se revoltando com isso? Então por que não se revolta com a violência ai da sua rua ou bairro e cidade? “A broca que lapida um diamante é realmente cruel”, raspa, tortura, arranca pedaços e lascas da jóia mais bonita do mundo.

        Chicos, Joões, Caetanos, Sebastiões, Glorias, Pasquins, Marios, Arnaldos, Tarsilas e Betânias são ótimos, porém precisamos de novos, quero novos e existem alguns, mas não quero apenas alguns, quero muitos, produção em escala, uma multidão pensante nas ruas e avenidas, produzindo, protestando, criando, berrando e lutando!

        Por que essa política do “menos é mais” não me convence, eu quero mais do que 140 caracteres da sua criatividade, quero musicas, textos, páginas, livros, obras completas.

        Então não me chame de louco se me vir apoiando a volta da ditadura, apenas tenho saudade de uma época que não vivi, e se fosse preciso, viveria e lutaria do lado dos oprimidos e censurados, morreria se fosse preciso e descansaria feliz sabendo que pelo menos nos próximos 25 anos (e muito mais eu espero) meus filhos e netos ouviriam e viveriam obras de qualidade, provindas de verdadeiras jóias raras.

EU QUERO HERÓIS, E PRA SE TER HERÓIS: VILÕES!

(Ps: Agora se você achar uma resposta pra primeira pergunta deste artigo, é claro que eu ficaria mais tranqüilo em saber que não precisaríamos torturar, exilar e matar por apenas “palavras pronunciadas”.)


quinta-feira, 1 de abril de 2010

Combinado

Edição: Thiago Lanham.

Talvez eu seja um ultimo romântico, dentro os últimos que eu acredito que estejam por ai.

Não sei, mas ainda consigo olhar, e admirar todos os dias, como a coisa mais linda do mundo e me emocionar com a aurora, ou com a cerração, ou com as gotas de garoa que descem como plumas das nuvens, cinzas, bonitas, impostas, projetadas lá do céu.

Ainda consigo estampar um sorriso bobo, de orelha a orelha, ao ver a ingenuidade de uma criança, os olhos brilham quando ao sentir historias sutis de romances caretas de filmes decorados com aquele ar “sepiônico” de outono canadense. [...] Meu deus como queria caminhar por aquelas ruas cheias de folhas vermelhas, aveludadas, massageando os pés descalços, refletindo a luz fraca do sol no olhar do ser amado ao lado.

Que graça o vento tocando a face da menina pálida de lábios avermelhados combinando com seu cabelo e seu vestido longo, ondulando, marolando, me levando.

As curvas do seu corpo, a chuva que cai, o chiado da TV, a lagrima que rola, o algarismo romano, os anos que passam, a barba que cresce, o suspiro de alivio, o dinheiro no bolso, a mão que acaricia, a cortina que abre, a projeção sem fim da sua voz no meu ouvido que arrepia... Arrepia o frio, sua pele quente, teus dedos, a vista na janela. O beijo!